Tráfico de drogas e homicídios transformam bairro Manoel Teles em zona do medo

por Adalberto Custódio

O número de ocorrências ligadas à homicídios e tráfico de drogas vem crescendo assustadoramente na cidade de Arapiraca, em especial no bairro Manoel Teles, comunidade periférica que apresenta grande carência nas áreas de saúde, educação, infra-estrutura e segurança. O bairro, que antes era conhecido como Escorrego da Catita, fica localizado numa área geográfica privilegiada, entre o centro da cidade e o Lago da Perucaba, uma das principais áreas de lazer da cidade.
De forma frequente, a polícia tem estourado no bairro, as chamadas “bocas de fumo”, ou seja, residências que servem como ponto de apoio para traficantes e, conseqüentemente, para a comercialização, no varejo, das drogas mais comuns como maconha, loló e crack. O número de homicídios em plena luz do dia também tem apavorado os moradores daquela comunidade.
As “bocas de fumo” funcionam em residências simples, geralmente localizadas em ruas ou vielas onde residem famílias de baixa renda. Esses locais também funcionam como uma espécie de laboratórios, onde a droga é dividida, pesada e embalada para a comercialização. Nesses locais ainda são realizadas as reuniões dos traficantes, inclusive a partilha do dinheiro arrecadado com o tráfico.
Moradores denunciam que, durante a noite, existe uma grande movimentação de veículos no local, geralmente carros de luxo com vidros fumês. “Moramos num bairro simples, onde moram pessoas simples. Carro de luxo por aqui é algo que não combina muito e nos deixa bastante intrigados”, frisou um morador que preferiu não ser identificado.
A circulação de veículos e pessoas estranhas é intensa no bairro. Geralmente são usuários que chegam com uma pouca quantidade de dinheiro, entram em residências modestas e, minutos depois, saem com entorpecente suficiente para saciarem o vício, pelo menos durante as próximas horas. “Aqui a gente anda muito assustado e o clima de medo vem tomando conta do bairro. Eu nasci e me criei no Manoel Teles, que sempre foi habitado por pessoas dignas e trabalhadoras. Hoje a gente não sabe mais quem mora ao lado. Em algumas casas do bairro, pessoas estranhas chegam para morar e, estranhamente, se mudam em poucos dias”, frisou um comerciante que também preferiu não se identificar com medo de represálias.
A lei do silêncio impera no bairro. A chegada de nossa equipe de reportagem mudou, visivelmente, a rotina dos moradores. Pessoas que estavam nas calçadas correram para o interior de suas residências, enquanto outras preferiram observar nosso trabalho pelas brechas das portas e janelas. Nas abordagens feitas, a maioria dos moradores não quis conceder entrevistas, mas demonstraram um semblante de pavor, como se quisessem dizer algo, mas eram “travadas” pelo medo.
Somente este ano, o bairro Manoel Teles foi alvo de diversas operações policiais em Arapiraca. Naquela comunidade, a polícia apreendeu centenas de pedras de crack e muitos quilos de maconha. Uma pedra de crack chega a ser comercializada por até R$ 5 em Arapiraca. Já o valor da maconha é ainda mais acessível. O preço de um cigarro gira em torno dos R$ 2.