Laércio Boiadeiro é condenado a 35 anos de prisão

Jonathas Maresia

O agropecuarista José Laelson Rodrigues de Melo, conhecido como ‘Laércio Boiadeiro’, voltou ao banco dos réus nesta quinta-feira, (14). Apesar de alegar inocência da acusação de ser o autor intelectual e material no assassinato, em março de 1999, do ex-prefeito de Batalha José Miguel Dantas, o Zé Miguel, e esposa Matilde Tereza Toscano, o juiz José Braga Neto, da 9ª Vara Criminal da Capital, condenou a réu a 35 anos de prisão.
Durante seu depoimento no tribunal do júri, o acusado voltou a afirmar não ter qualquer envolvimento com as mortes, acrescentando que a denúncia contra ele tem origem política. “Na época do crime, eu estava numa fazenda no Ceará e não tive nenhuma participação. Dezesseis pessoas foram citadas no inquérito como possíveis executores, mas apenas eu fui investigado. Sou inocente e não sei quem cometeu os homicídios”, afirmou ao juiz.
No entanto, o que sustenta veementemente a acusação, representada pelo promotor Flávio Gomes do Ministério Público Estadual (MPE), é que em depoimento à polícia, Cícero Bala acusou Laércio Boiadeiro como o autor do crime. A acusação é composta ainda pelo advogado Welton Roberto.
O advogado Raimundo Palmeira atuou na defesa de Laércio Boiadeiro e apontou que várias falhas podem ser vistas no inquérito policial. Isto porque, segundo o advogado, dias após o depoimento, Cícero Bala relatou que foi forçado a proferir as acusações contra o agropecuarista.
“Ele contou que acusou Laércio após levar um tapa de um promotor, mas voltou atrás e desmentiu seu primeiro depoimento. Como se pode julgar alguém após um depoimento de outrem que desmente o que foi dito anteriormente? E as outras pessoas citadas, dentre elas políticos e pessoas influentes da região, por que não houve uma investigação sobre elas?”, questionou Palmeira.
Crime
O crime contra o ex-prefeito de Batalha aconteceu na rodovia estadual AL-220, quando ele foi vítima de uma emboscada. José Miguel Dantas retornava para sua fazenda acompanhado da esposa, Matilde Tereza após uma festa na casa de amigos. Quando trafegavam pela rodovia, foram surpreendidos por vários disparos contra o veículo. José Miguel e Matilde Tereza foram atingidos por tiros de metralhadora e espingarda calibre 12 e morreu no local.
O acusado foi preso e condenado, em 08 de março de 2008, a 39 anos e 11 meses de prisão pelo crime, numa sentença proferida pelo juiz Geraldo Amorim. No entanto, em 14 de abril do ano passado, o desembargador Orlando Manso, concedeu um alvará de soltura ao acusado, anulando a sentença após perceber várias falhas no processo.